sexta-feira, 26 de junho de 2009

    "My Story" - Capítulo V

    Mais algumas semanas se passaram e estou de volta com mais um capítulo de "My Story". Creio que não esteja tão bom, e meio enjoativo pelo tamanho e pouca coisa interessante... Mas como eu disse, a minha intenção era fazer a estória instantaneamente, de acordo com o que viesse à minha mente, na hora em que eu estivesse a escrevendo. Mas espero que tenham interesse (e paciência) e que a leiam. Ah, gente, comenta aí, beleza?

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    MY STORY - CAPÍTULO V

    -Droga. Novamente essa sensação?! Creio que eu não esteja dormindo, mas... tenho a impressão de que vou acordar a qualquer instante...

    -Kay?... Como você está? Será que já consegue se levantar? - uma voz delicada perguntou à ele.

    -Ham? Onde estou, agora?... Quem está falando?...

    -Ou ainda está dormindo, ou está delirando, meu jovem, ou se esquece muito rápido das pessoas que salvam sua vida.

    Kay reparou no tom grave de voz que lhe indagava agora. Sem sombra de dúvida, era Leyonell, que continuou:

    -E então rapaz, sente-se ou não melhor?

    Kay nem sabia o que dizer. Tentava raciocinar. Conseguiu, sozinho, se sentar na cama e observou que Kairi e Leyonell o fitavam. Chegou a pensar que tudo o que aconteceu foi apenas um sonho. Mas, por um instante, pôde sentir suas mão úmidas e ver que a ponta dos seus dedos estavam roxas, e doiam. Doiam de frio.

    -Será que você perdeu a voz? - disse Ley - Eu estarei abandonando o vilarejo dentro de alguns instantes. Não ia te chamar, mas sou um homem de palavra. E, como você disse que estava disposto a ir comigo, vim saber qual é a sua última resposta.

    Kay ainda hesitou antes de responder, tomando o cuidado de esconder os dedos, pois mesmo estando bem melhor que na noite anterior (ou pelo na noite em que conversou com Kairi e Leyonell pela primeira vez), ele se sentia extremamente cansado. Afinal, ele tinha certeza de que o deserto e os lobos eram reais, embora estivesse, de uma maneira absurda, acordado novamente na casa de Ley. Era como se nada daquilo tivesse acontecido. Enfim, disse alguma coisa:

    -Oh... Sim, desculpe. Estou melhor. Realmente melhor. - suspirou e esticou os braços, escondendo que ainda estava exausto - Claro que vou com você, Leyonell. Eu já havia confirmado isso... - hesitou - ...ontem à noite.

    -Ah sim, é claro. - disse Leyonell com um sorriso - Por isso é que eu disse que gostava de você, rapaz. Então está decidido! Levante-se e tome um banho. Há algumas roupas ali, em cima da mesinha, no canto. Devem caber em você. Depois mate a fome lá na cozinha, pois o café ainda está servido. Vou acertar os últimos detalhes da nossa pequena viagem e , daqui a pouco, eu volto para te chamar, e partiremos. Certo?

    -Certo! - disse Kay, muito satisfeito em poder retribuir, mas fingindo estar animado - Não vou demorar, já que não tenho muita coisa pra arrumar, ou melhor, nada pra arrumar...

    -É verdade. Tinha quase me esquecido de que não possui nada, além da roupa, ainda meio suja, que está usando. Bom, pelo menos isso eu já providenciei. Mas não se preocupe, peça o que quiser. E quando chegarmos a Therion, eu lhe arrumo dinheiro, se precisar. E também, quando retornarmos, vou te pagar. Pois nunca vi algum ajudante ou segurança, como você disse que poderia ser, não cobrar nada por correr perigo numa viagem como esta, embora que as coisa estejam mais calmas de um tempo pra cá...

    -Quanto a isso, não precisa se preocupar. - disse Kay - Primeiro, eu é que pagarei a minha dívida com você. Mas, agora, acho que devo me apressar. Certo, Ley?...

    -Perfeito, rapaz. Depois nos encontramos.

    Kay acenou com a cabeça enquanto Ley saía apressado do quarto. Kairi, que nem parecia estar presente durante todo o diálogo, também saiu, de cabeça baixa. Kay se levantou, percebendo que já não estava tão cansado quanto parecia. Pegou as roupas no canto e às analisou antes de procurar o banheiro da casa, o que não foi difícil encontrar: ficava no fim do corredor curto que passava na frente do quarto, à esquerda. Enfim, tomou o banho e vestiu as roupas, que eram até parecidas com as que usava antes (tirando os rasgos e as manchas). Achou a cozinha na outra ponta do corredor e se fartou com o que encontrava na mesa. Já fazia dias que não comia nada, sem contar o tempo que passou faminto e acordado no seu próprio sonho.

    Depois do desjejum, se sentia bem melhor. Por um momento, até se esqueceu de que, dois dias atrás, estava bem no meio de uma guerra. Só agora, Kay percebeu que ainda estava com a medalha no pescoço. Tomou o banho sem nem lembrar de tirá-la. Mal havia pensado em sair, para procurar Ley, e o grande homem de barbas ruivas e voz grossa entrou na cozinha:

    -Tudo pronto? Se já comeu o suficiente, acho que podemos ir.

    -Sim senhor. Tudo pronto, e me sinto muito bem agora. Obrigado.

    Saíram pela porta da frente. Era a primeira vez que Kay via aquele lugar, já que ficou na cama o tempo todo desde que tinha sido encontrado por Ley. Ainda não estava completamente claro, mas deu pra ter uma boa noção de como era o lugar. As várias casas que compunham o vilarejo estavam construídas no local de forma desordenada, sem um espaço regular entre elas e não havia ruas nem calçadas. Eram apenas muitas casas de madeira, tijolos ou outra coisa, grandes e pequenas, algumas com placas, que tornavam fácil a identificação dos centros comerciais. Não haviam postes e muito menos lampiões fora das casas, para iluminar o local à noite. O chão era seco e as únicas plantas que cresciam ali eram murchas e sem graça. Dava pra ver que não era um bom lugar para se fazer plantações. Mas pelas placas que Kay via do lado de fora de alguns grandes galpões, a cidade possuía muitos ferreiros. Ley andava por entre as casas, conduzindo Kay.

    -Bem vindo à Mithril, o grande vilarejo dos ferreiros. - disse Ley - Vejo que você já percebeu qual é o nosso talento, certo?

    -Acho que sim. Mas é só disso que sobrevivem? Até agora, eu não vi um camelo, ou uma galinha ou qualquer outro animal.

    -Os animais ficam todos adiante. - respondeu, apontando para o que parecia ser o Oeste, pela posição da lua apagada e quase cheia que estava prestes a sumir no horizonte - Há um pequeno rio adiante, mas que é grande o suficiente para abastecer a cidade. Os celeiros, os estábulos, os animais e as pequenas plantações ficam perto desse rio. Se não fosse assim, acho que não haveria como manter a cidade de pé.

    -Oh, sim. - interrompeu Kay - Ainda não perguntei onde estou. Digo, onde está localizada esta cidade.

    -Estamos à sudoeste do Deserto de Salugörn. Entre o Deserto e as Montanhas. E para chegar até Therion, precisamos atravessar o sul desse maldito mar de areia. Mas, de onde você é mesmo?

    -Minha vila, Ornëg, fica à noroeste do Deserto. Bom, pelo menos ficava. Os durogs invadiram e destruíram quase tudo. Não houve outra saída a não ser abandoná-la. Tentamos resistir ao ataque surpresa, mas foi em vão, e tivemos tempo apenas de pegar algumas de nossas armas e fugir, tentando atrair os durogs para o deserto. Mas estávamos em menor número e todo o meu povo pereceu...

    -Todos menos você. Minha filha contou que os últimos golpes foram desferidos por você. E, se for verdade, devo dizer que estou admirado por isso.

    Por que será que nunca faltam dedos para cutucar uma ferida? Kay ficou meio sem graça, pois não queria contar a verdade. Não queria que soubessem nada sobre as pedras, embora ele mesmo não soubesse muita coisa. Mas não foi preciso se explicar, já que Ley o interrompeu antes mesmo de começar a falar, quando chegaram em frente de um galpão, na borda oeste de Mithril:

    -Bem, aqui estamos! Tudo já está pronto. Desta vez, vamos levar pouca mercadoria: alguns fardos de cereais, que já estavam estocados aqui faz tempo, e uma quantidade razoável de... armas! Afinal, não dá pra lucrar vendendo apenas pás e enxadas.

    Ley abriu as portas do galpão, que eram muito grandes e estavam semicerradas, e Kay pôde ver toda a companhia que atravessaria o Deserto. Realmente, dessa vez, a quantidade de carga era pouca, como Ley disse, e o grupo responsável pelo transporte também era pequeno. O que Kay viu foram dois sacos de algum cereal ou ração (que não fazia idéia do que era) colocados um de cada lado das corcovas de um camelo, junto à cantis de água e provisões, e mais três camelos carregados da mesma forma, porém com caixas, que foram postas confortavelmente no dorso dos animais. Eram as armas.

    Os ferreiros de Mithril forjavam excelentes espadas, escudos, adagas, cimitarras, machados, lanças, e também armaduras e elmos quase indestrutíveis. Essa era uma das poucas cidades que os durogs não ousavam atacar, pois tinha um “poder de fogo” muito grande, comparado às suas armas empenadas e desgastadas.

    Kay viu também, que além dele e Leyonell, outros dois homens fariam parte do pequeno comboio. Ambos eram amigos de Ley, que sempre ajudavam nas viagens através do Deserto. Eram altos e fortes, assim como o pai de Kairi, e também pareciam ser tão amigáveis quanto ele.

    -É uma pena que não tenhamos um daqueles répteis gigantes que os durogs usam!... - brincou um dos dois homens - Seria muito mais fácil e rápido transportar mercadorias nas costas de um deles! Olá, garoto, me chame de Ice durante a viagem, certo?

    -Ice... - Kay entendeu a piada e sorriu - Certo. Eu sou...

    -...Kay! - interrompeu o outro homem - Ley nos disse. E eu não me importarei se você me chamar de Cold...

    Breves apresentações, e tudo já estava pronto, já que teriam tempo de sobra para conversar no caminho. Ley explicou rapidamente, para Kay, o que iriam fazer: depois de sair da cidade, se dirigiriam para o Leste em linha reta, se possível, até chegarem a Therion. Simples. No caminho, cada um ficaria encarregado de guiar um camelo, o de Kay seria aquele com os sacos e provisões. Começariam com uma marcha rápida e andariam devagar quando o Sol estivesse mais alto. Haveria uma só parada para descanso, num lugar onde, segundo Leyonell, haviam árvores secas com galhos muito ramificados, que dariam alguma sombra.

    -Então, é isso! - terminou Ley - Já disse que não podemos estar no deserto quando anoitecer. Passei por maus bocados, nas minhas primeiras viagens, por causa disso...

    -Essa é a minha primeira... - disse Kay - Mas farei de tudo para não atrasar o grupo.

    Cada um pegou o seu camelo pelas cordas e saíram do galpão. Ao tentar imaginar o que havia no caminho para o Leste e o que faria em Therion, Kay sentiu uma fisgada no peito e agarrou com força o medalhão.

    -Sei que isto não está certo... - pensou consigo mesmo - ...Mas, de alguma forma, sei que é pra lá que devo ir...

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