sexta-feira, 5 de junho de 2009

    "My Story" - Capítulo IV

    Tá legal, hehe. Duas postagens no mesmo dia! Tá explicado a demora, né?

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    MY STORY - CAPÍTULO IV

    O Sol estava perfeitamente acima de sua cabeça e sua sombra era apenas uma circunferência abaixo de seus pés. O calor era insuportável e Kay não tinha idéia do que poderia fazer agora. Sabia que não podia ficar parado ali, sem fazer nada, esperando que o calor o matasse sufocado. Sabia também que, se aquilo onde estava era mesmo um deserto, corria perigo ficando exposto daquele jeito à qualquer tipo de inimigo.

    Ele sentia apenas vontade de gritar. Foi exatamente o que fez. Estava tão desesperado e confuso que viu que era apenas isso que podia fazer. O grito foi alto e longo, mas meio abafado e rouco no final, porque já estava quase chorando agora.

    Mas como se o choque já tivesse passado, Kay voltou a si e amaldiçoou esse seu ato repugnante:

    -Por que eu fiz isso?... - sussurrou para si mesmo - Se há seres vivos nesse deserto, além de mim, provavelmente puderam me ouvir a milhas de distância.

    Realmente não foi um ato bem pensado. Agora estava exposto ao Sol, perdido num deserto, sem saber o que fazer, e agora podia já estar sendo observado por sabe lá que criaturas malignas. Não podia fazer mais nada, a não ser apontar para uma direção qualquer e caminhar, contando apenas com a sorte. Sua sombra já começava a se inclinar sob seus pés. Por instinto, escolheu o Norte. E foi.

    Tudo o que podia ver era areia, areia, e mais areia. A brisa que soprava contra ele, não ajudava em nada, pois era quente, assim como a areia, que já começava a queimar seus pés descalços. Com o passar do tempo, a brisa ficou mais forte e já não tinha mais direção definida. Kay só tinha certeza de estar mesmo andando rumo ao Norte, porque via sua sombra cada vez mais alongada para a direita. Não fosse isso, poderia jurar que estava andando em círculos.

    Após horas andando, percebeu que estava exausto e com sede, e que a brisa havia se convertido em um vento que já começava a incomodar, movendo lentamente a areia sob seus pés. Sabia que logo o Sol abaixaria por completo e que o vento ficaria mais forte. Afinal, as noites no deserto são assim, muito vento, além da temperatura ser absurdamente baixa.

    -Ótimo!... Resisti ao calor, mas vou morrer de frio agora!... Claro, se uma tempestade de areia não me pegar primeiro e eu for coberto da cabeça aos pés pelos grãos desse maldito deserto! - resmungou Kay, ironicamente - Esse é o meu teste?! Mostrar quanto tempo eu sou capaz de sobreviver num deserto apenas com essa droga de colar no pescoço?!...

    Por fim, o inevitável aconteceu e o Sol lentamente sumiu no horizonte, ao lado de Kay. Mas não estava escuro ainda. Ainda faltavam algumas horas, para a chegada da escuridão total. Ele agora estava cansado, faminto, com sede e extremamente entediado por não ter visto nada além de areia o dia todo. Mais uma vez o desespero tomou conta de si, pois ele estava completamente sem esperanças de sobreviver até a manhã seguinte, uma vez que não faria sentido caminhar durante a noite no estado em que se encontrava, já que ainda estava ferido desde a batalha contra os durogs, e ainda mais no que parecia ser uma noite de Lua nova. Mesmo que a Lua lhe oferecesse luz, não resistiria ao cansaço, e tinha certeza de que mais cedo ou mais tarde, seria vencido pelo frio.

    Simplesmente, não sabia o que fazer agora. A escuridão já era quase completa. Sentou e se deitou, sem pensar em nada. E resolveu se entregar ao destino, ou pelo menos ao que ele achava naquele momento ser o seu destino.

    -Droga... Será que pode ficar pior?

    Maldito destino! Deitou e ouviu algo, bem distante.

    -Sim?!... Era só o que me faltava... Lobos!

    Realmente eram lobos. Cães da Areia, como são chamados pelos durogs, ou mesmo pelos homens que passam muito tempo no deserto. Ao horizonte, Kay pode ver alguns deles vindo em sua direção, após se sentar novamente, pelo Norte. Depois ouviu uivos atrás dele, e viu mais lobos aparecendo ao Sul. O mesmo no Leste e Oeste, e em todas as direções.

    -Pretendia ser soterrado pela areia enquanto dormia... - disse ele para si mesmo - E não morrer atacado por uma alcatéia inteira!

    Os lobos, como se tivessem ensaiado ou já feito isso várias vezes, correram todos ao mesmo tempo em direção à Kay formando em torno dele um círculo perfeito. Kay estava exatamente no meio do tal círculo, que se fechava cada vez mais. Não havia para onde correr, nem como encontrar alguma brecha entre os lobos. E mesmo que fosse possível saltar sobre eles no último instante, havia mais lobos por trás dos que vinham à frente. E mesmo que se conseguisse esquivar desses, ainda assim não haveria como escapar, pois eles são muito mais velozes do que humanos, e pegariam Kay durante sua fuga desesperada.

    Claro que Kay estava em desvantagem. Ele sabia que dentro de alguns segundos, o círculo se fecharia por completo e que seria cruelmente dilacerado por mandíbulas enormes.

    -Teste?...

    Era absurdamente óbvio o que ele deveria fazer agora. A imagem de fogo sobre um deserto, passou pela sua mente.

    -Não sei como foi que eu o fiz daquela vez... Mas sinto que...

    Sim. Ele agora se lembrava da guerra que custou a morte de seu pai, e também de todo o seu povo. Lembrou-se do que foi capaz de fazer por vingança. Mais uma vez sentiu aquela coisa estranha. Aquele sentimento. Uma atmosfera pesada dentro de si mesmo. O medalhão estava pendurado por baixo de sua camisa, mas ele podia ver uma luz escapando, através do tecido. A luz não era vermelha, como ele esperava que fosse. Era azul. Um azul pálido, porém cada vez mais intenso.

    Não era mais como na vez passada, quando sentia um calor quase insuportável percorrer o seu corpo. Dessa vez, sentia frio. Muito frio. Era capaz de sentir seus músculos enrijecendo e se contraindo. Estava difícil respirar. Tremia, além de frio, de ansiedade ao ver os lobos cada vez mais perto. Também suava. O suor saía de seus poros e congelava assim que começava a escorrer por sua pele. Com as lágrimas ocorria o mesmo. Tinha a impressão de que seu sangue havia parado de circular e sentia o corpo congelando por dentro.

    Mas tudo isso, todo esse processo, era necessário. Era apenas a alma de mais uma pedra, aceitando o seu novo dono. Ou, o seu novo escravo...

    Agora, Kay já sabia o que tinha que fazer, embora sentisse que não estava levantando as mãos por vontade própria. Era como se estivesse sendo ajudado por alguém, alguma coisa ou algo assim. Os punhos estavam fechados e seus braços permaneceram levantados acima da cabeça, por um ou dois segundos. E faltando poucos metros para a chegada aterradora dos lobos, Kay bateu as duas mãos, ainda fechadas, no chão.

    Tudo o que ele viu depois disso, foi uma intensa luz azul. E tudo o que ouviu, foram lamentos, gemidos e uivos desesperados. Toda a alcatéia fora congelada.

    Kay não precisou ver o que, e nem como aconteceu. Mas sabia perfeitamente o que acabara de fazer. Seus lábios, quase involuntariamente, formaram um gélido sorriso, antes que caísse inconsciente no chão do deserto, agora coberto por uma camada grossa, embora cristalina de gelo.

    Por fim, passou no teste. Sobreviveu.

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    1 Comentários:

    Alisson souza disse...

    eII MUITO LEGAL ..TBM GOSTO DE ANIMES...
    AS HISTORIAS ESTÃO BOUAS..!!!

    DIVULGA MAIS..

    ABRÇS!