sexta-feira, 26 de junho de 2009

    Aviso!

    Caramba! Sei que eu estou ferrando com o meu blog fazendo isso, mas vou mudar o endereço de novo.

    Me desculpem por tanta confusão, mas eu estou tendo problemas com algumas feramentas...

    O blog vai voltar a ser "uchihasasukeblog.blogspot.com" (embora o nome continuará sendo "Blog do John").

    À partir do dia 03/07/09, apenas o endereço acima estará disponível.

    Mais uma vez peço desculpas, and bye.

    "My Story" - Capítulo V

    Mais algumas semanas se passaram e estou de volta com mais um capítulo de "My Story". Creio que não esteja tão bom, e meio enjoativo pelo tamanho e pouca coisa interessante... Mas como eu disse, a minha intenção era fazer a estória instantaneamente, de acordo com o que viesse à minha mente, na hora em que eu estivesse a escrevendo. Mas espero que tenham interesse (e paciência) e que a leiam. Ah, gente, comenta aí, beleza?

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    MY STORY - CAPÍTULO V

    -Droga. Novamente essa sensação?! Creio que eu não esteja dormindo, mas... tenho a impressão de que vou acordar a qualquer instante...

    -Kay?... Como você está? Será que já consegue se levantar? - uma voz delicada perguntou à ele.

    -Ham? Onde estou, agora?... Quem está falando?...

    -Ou ainda está dormindo, ou está delirando, meu jovem, ou se esquece muito rápido das pessoas que salvam sua vida.

    Kay reparou no tom grave de voz que lhe indagava agora. Sem sombra de dúvida, era Leyonell, que continuou:

    -E então rapaz, sente-se ou não melhor?

    Kay nem sabia o que dizer. Tentava raciocinar. Conseguiu, sozinho, se sentar na cama e observou que Kairi e Leyonell o fitavam. Chegou a pensar que tudo o que aconteceu foi apenas um sonho. Mas, por um instante, pôde sentir suas mão úmidas e ver que a ponta dos seus dedos estavam roxas, e doiam. Doiam de frio.

    -Será que você perdeu a voz? - disse Ley - Eu estarei abandonando o vilarejo dentro de alguns instantes. Não ia te chamar, mas sou um homem de palavra. E, como você disse que estava disposto a ir comigo, vim saber qual é a sua última resposta.

    Kay ainda hesitou antes de responder, tomando o cuidado de esconder os dedos, pois mesmo estando bem melhor que na noite anterior (ou pelo na noite em que conversou com Kairi e Leyonell pela primeira vez), ele se sentia extremamente cansado. Afinal, ele tinha certeza de que o deserto e os lobos eram reais, embora estivesse, de uma maneira absurda, acordado novamente na casa de Ley. Era como se nada daquilo tivesse acontecido. Enfim, disse alguma coisa:

    -Oh... Sim, desculpe. Estou melhor. Realmente melhor. - suspirou e esticou os braços, escondendo que ainda estava exausto - Claro que vou com você, Leyonell. Eu já havia confirmado isso... - hesitou - ...ontem à noite.

    -Ah sim, é claro. - disse Leyonell com um sorriso - Por isso é que eu disse que gostava de você, rapaz. Então está decidido! Levante-se e tome um banho. Há algumas roupas ali, em cima da mesinha, no canto. Devem caber em você. Depois mate a fome lá na cozinha, pois o café ainda está servido. Vou acertar os últimos detalhes da nossa pequena viagem e , daqui a pouco, eu volto para te chamar, e partiremos. Certo?

    -Certo! - disse Kay, muito satisfeito em poder retribuir, mas fingindo estar animado - Não vou demorar, já que não tenho muita coisa pra arrumar, ou melhor, nada pra arrumar...

    -É verdade. Tinha quase me esquecido de que não possui nada, além da roupa, ainda meio suja, que está usando. Bom, pelo menos isso eu já providenciei. Mas não se preocupe, peça o que quiser. E quando chegarmos a Therion, eu lhe arrumo dinheiro, se precisar. E também, quando retornarmos, vou te pagar. Pois nunca vi algum ajudante ou segurança, como você disse que poderia ser, não cobrar nada por correr perigo numa viagem como esta, embora que as coisa estejam mais calmas de um tempo pra cá...

    -Quanto a isso, não precisa se preocupar. - disse Kay - Primeiro, eu é que pagarei a minha dívida com você. Mas, agora, acho que devo me apressar. Certo, Ley?...

    -Perfeito, rapaz. Depois nos encontramos.

    Kay acenou com a cabeça enquanto Ley saía apressado do quarto. Kairi, que nem parecia estar presente durante todo o diálogo, também saiu, de cabeça baixa. Kay se levantou, percebendo que já não estava tão cansado quanto parecia. Pegou as roupas no canto e às analisou antes de procurar o banheiro da casa, o que não foi difícil encontrar: ficava no fim do corredor curto que passava na frente do quarto, à esquerda. Enfim, tomou o banho e vestiu as roupas, que eram até parecidas com as que usava antes (tirando os rasgos e as manchas). Achou a cozinha na outra ponta do corredor e se fartou com o que encontrava na mesa. Já fazia dias que não comia nada, sem contar o tempo que passou faminto e acordado no seu próprio sonho.

    Depois do desjejum, se sentia bem melhor. Por um momento, até se esqueceu de que, dois dias atrás, estava bem no meio de uma guerra. Só agora, Kay percebeu que ainda estava com a medalha no pescoço. Tomou o banho sem nem lembrar de tirá-la. Mal havia pensado em sair, para procurar Ley, e o grande homem de barbas ruivas e voz grossa entrou na cozinha:

    -Tudo pronto? Se já comeu o suficiente, acho que podemos ir.

    -Sim senhor. Tudo pronto, e me sinto muito bem agora. Obrigado.

    Saíram pela porta da frente. Era a primeira vez que Kay via aquele lugar, já que ficou na cama o tempo todo desde que tinha sido encontrado por Ley. Ainda não estava completamente claro, mas deu pra ter uma boa noção de como era o lugar. As várias casas que compunham o vilarejo estavam construídas no local de forma desordenada, sem um espaço regular entre elas e não havia ruas nem calçadas. Eram apenas muitas casas de madeira, tijolos ou outra coisa, grandes e pequenas, algumas com placas, que tornavam fácil a identificação dos centros comerciais. Não haviam postes e muito menos lampiões fora das casas, para iluminar o local à noite. O chão era seco e as únicas plantas que cresciam ali eram murchas e sem graça. Dava pra ver que não era um bom lugar para se fazer plantações. Mas pelas placas que Kay via do lado de fora de alguns grandes galpões, a cidade possuía muitos ferreiros. Ley andava por entre as casas, conduzindo Kay.

    -Bem vindo à Mithril, o grande vilarejo dos ferreiros. - disse Ley - Vejo que você já percebeu qual é o nosso talento, certo?

    -Acho que sim. Mas é só disso que sobrevivem? Até agora, eu não vi um camelo, ou uma galinha ou qualquer outro animal.

    -Os animais ficam todos adiante. - respondeu, apontando para o que parecia ser o Oeste, pela posição da lua apagada e quase cheia que estava prestes a sumir no horizonte - Há um pequeno rio adiante, mas que é grande o suficiente para abastecer a cidade. Os celeiros, os estábulos, os animais e as pequenas plantações ficam perto desse rio. Se não fosse assim, acho que não haveria como manter a cidade de pé.

    -Oh, sim. - interrompeu Kay - Ainda não perguntei onde estou. Digo, onde está localizada esta cidade.

    -Estamos à sudoeste do Deserto de Salugörn. Entre o Deserto e as Montanhas. E para chegar até Therion, precisamos atravessar o sul desse maldito mar de areia. Mas, de onde você é mesmo?

    -Minha vila, Ornëg, fica à noroeste do Deserto. Bom, pelo menos ficava. Os durogs invadiram e destruíram quase tudo. Não houve outra saída a não ser abandoná-la. Tentamos resistir ao ataque surpresa, mas foi em vão, e tivemos tempo apenas de pegar algumas de nossas armas e fugir, tentando atrair os durogs para o deserto. Mas estávamos em menor número e todo o meu povo pereceu...

    -Todos menos você. Minha filha contou que os últimos golpes foram desferidos por você. E, se for verdade, devo dizer que estou admirado por isso.

    Por que será que nunca faltam dedos para cutucar uma ferida? Kay ficou meio sem graça, pois não queria contar a verdade. Não queria que soubessem nada sobre as pedras, embora ele mesmo não soubesse muita coisa. Mas não foi preciso se explicar, já que Ley o interrompeu antes mesmo de começar a falar, quando chegaram em frente de um galpão, na borda oeste de Mithril:

    -Bem, aqui estamos! Tudo já está pronto. Desta vez, vamos levar pouca mercadoria: alguns fardos de cereais, que já estavam estocados aqui faz tempo, e uma quantidade razoável de... armas! Afinal, não dá pra lucrar vendendo apenas pás e enxadas.

    Ley abriu as portas do galpão, que eram muito grandes e estavam semicerradas, e Kay pôde ver toda a companhia que atravessaria o Deserto. Realmente, dessa vez, a quantidade de carga era pouca, como Ley disse, e o grupo responsável pelo transporte também era pequeno. O que Kay viu foram dois sacos de algum cereal ou ração (que não fazia idéia do que era) colocados um de cada lado das corcovas de um camelo, junto à cantis de água e provisões, e mais três camelos carregados da mesma forma, porém com caixas, que foram postas confortavelmente no dorso dos animais. Eram as armas.

    Os ferreiros de Mithril forjavam excelentes espadas, escudos, adagas, cimitarras, machados, lanças, e também armaduras e elmos quase indestrutíveis. Essa era uma das poucas cidades que os durogs não ousavam atacar, pois tinha um “poder de fogo” muito grande, comparado às suas armas empenadas e desgastadas.

    Kay viu também, que além dele e Leyonell, outros dois homens fariam parte do pequeno comboio. Ambos eram amigos de Ley, que sempre ajudavam nas viagens através do Deserto. Eram altos e fortes, assim como o pai de Kairi, e também pareciam ser tão amigáveis quanto ele.

    -É uma pena que não tenhamos um daqueles répteis gigantes que os durogs usam!... - brincou um dos dois homens - Seria muito mais fácil e rápido transportar mercadorias nas costas de um deles! Olá, garoto, me chame de Ice durante a viagem, certo?

    -Ice... - Kay entendeu a piada e sorriu - Certo. Eu sou...

    -...Kay! - interrompeu o outro homem - Ley nos disse. E eu não me importarei se você me chamar de Cold...

    Breves apresentações, e tudo já estava pronto, já que teriam tempo de sobra para conversar no caminho. Ley explicou rapidamente, para Kay, o que iriam fazer: depois de sair da cidade, se dirigiriam para o Leste em linha reta, se possível, até chegarem a Therion. Simples. No caminho, cada um ficaria encarregado de guiar um camelo, o de Kay seria aquele com os sacos e provisões. Começariam com uma marcha rápida e andariam devagar quando o Sol estivesse mais alto. Haveria uma só parada para descanso, num lugar onde, segundo Leyonell, haviam árvores secas com galhos muito ramificados, que dariam alguma sombra.

    -Então, é isso! - terminou Ley - Já disse que não podemos estar no deserto quando anoitecer. Passei por maus bocados, nas minhas primeiras viagens, por causa disso...

    -Essa é a minha primeira... - disse Kay - Mas farei de tudo para não atrasar o grupo.

    Cada um pegou o seu camelo pelas cordas e saíram do galpão. Ao tentar imaginar o que havia no caminho para o Leste e o que faria em Therion, Kay sentiu uma fisgada no peito e agarrou com força o medalhão.

    -Sei que isto não está certo... - pensou consigo mesmo - ...Mas, de alguma forma, sei que é pra lá que devo ir...

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    sexta-feira, 5 de junho de 2009

    "My Story" - Capítulo IV

    Tá legal, hehe. Duas postagens no mesmo dia! Tá explicado a demora, né?

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    MY STORY - CAPÍTULO IV

    O Sol estava perfeitamente acima de sua cabeça e sua sombra era apenas uma circunferência abaixo de seus pés. O calor era insuportável e Kay não tinha idéia do que poderia fazer agora. Sabia que não podia ficar parado ali, sem fazer nada, esperando que o calor o matasse sufocado. Sabia também que, se aquilo onde estava era mesmo um deserto, corria perigo ficando exposto daquele jeito à qualquer tipo de inimigo.

    Ele sentia apenas vontade de gritar. Foi exatamente o que fez. Estava tão desesperado e confuso que viu que era apenas isso que podia fazer. O grito foi alto e longo, mas meio abafado e rouco no final, porque já estava quase chorando agora.

    Mas como se o choque já tivesse passado, Kay voltou a si e amaldiçoou esse seu ato repugnante:

    -Por que eu fiz isso?... - sussurrou para si mesmo - Se há seres vivos nesse deserto, além de mim, provavelmente puderam me ouvir a milhas de distância.

    Realmente não foi um ato bem pensado. Agora estava exposto ao Sol, perdido num deserto, sem saber o que fazer, e agora podia já estar sendo observado por sabe lá que criaturas malignas. Não podia fazer mais nada, a não ser apontar para uma direção qualquer e caminhar, contando apenas com a sorte. Sua sombra já começava a se inclinar sob seus pés. Por instinto, escolheu o Norte. E foi.

    Tudo o que podia ver era areia, areia, e mais areia. A brisa que soprava contra ele, não ajudava em nada, pois era quente, assim como a areia, que já começava a queimar seus pés descalços. Com o passar do tempo, a brisa ficou mais forte e já não tinha mais direção definida. Kay só tinha certeza de estar mesmo andando rumo ao Norte, porque via sua sombra cada vez mais alongada para a direita. Não fosse isso, poderia jurar que estava andando em círculos.

    Após horas andando, percebeu que estava exausto e com sede, e que a brisa havia se convertido em um vento que já começava a incomodar, movendo lentamente a areia sob seus pés. Sabia que logo o Sol abaixaria por completo e que o vento ficaria mais forte. Afinal, as noites no deserto são assim, muito vento, além da temperatura ser absurdamente baixa.

    -Ótimo!... Resisti ao calor, mas vou morrer de frio agora!... Claro, se uma tempestade de areia não me pegar primeiro e eu for coberto da cabeça aos pés pelos grãos desse maldito deserto! - resmungou Kay, ironicamente - Esse é o meu teste?! Mostrar quanto tempo eu sou capaz de sobreviver num deserto apenas com essa droga de colar no pescoço?!...

    Por fim, o inevitável aconteceu e o Sol lentamente sumiu no horizonte, ao lado de Kay. Mas não estava escuro ainda. Ainda faltavam algumas horas, para a chegada da escuridão total. Ele agora estava cansado, faminto, com sede e extremamente entediado por não ter visto nada além de areia o dia todo. Mais uma vez o desespero tomou conta de si, pois ele estava completamente sem esperanças de sobreviver até a manhã seguinte, uma vez que não faria sentido caminhar durante a noite no estado em que se encontrava, já que ainda estava ferido desde a batalha contra os durogs, e ainda mais no que parecia ser uma noite de Lua nova. Mesmo que a Lua lhe oferecesse luz, não resistiria ao cansaço, e tinha certeza de que mais cedo ou mais tarde, seria vencido pelo frio.

    Simplesmente, não sabia o que fazer agora. A escuridão já era quase completa. Sentou e se deitou, sem pensar em nada. E resolveu se entregar ao destino, ou pelo menos ao que ele achava naquele momento ser o seu destino.

    -Droga... Será que pode ficar pior?

    Maldito destino! Deitou e ouviu algo, bem distante.

    -Sim?!... Era só o que me faltava... Lobos!

    Realmente eram lobos. Cães da Areia, como são chamados pelos durogs, ou mesmo pelos homens que passam muito tempo no deserto. Ao horizonte, Kay pode ver alguns deles vindo em sua direção, após se sentar novamente, pelo Norte. Depois ouviu uivos atrás dele, e viu mais lobos aparecendo ao Sul. O mesmo no Leste e Oeste, e em todas as direções.

    -Pretendia ser soterrado pela areia enquanto dormia... - disse ele para si mesmo - E não morrer atacado por uma alcatéia inteira!

    Os lobos, como se tivessem ensaiado ou já feito isso várias vezes, correram todos ao mesmo tempo em direção à Kay formando em torno dele um círculo perfeito. Kay estava exatamente no meio do tal círculo, que se fechava cada vez mais. Não havia para onde correr, nem como encontrar alguma brecha entre os lobos. E mesmo que fosse possível saltar sobre eles no último instante, havia mais lobos por trás dos que vinham à frente. E mesmo que se conseguisse esquivar desses, ainda assim não haveria como escapar, pois eles são muito mais velozes do que humanos, e pegariam Kay durante sua fuga desesperada.

    Claro que Kay estava em desvantagem. Ele sabia que dentro de alguns segundos, o círculo se fecharia por completo e que seria cruelmente dilacerado por mandíbulas enormes.

    -Teste?...

    Era absurdamente óbvio o que ele deveria fazer agora. A imagem de fogo sobre um deserto, passou pela sua mente.

    -Não sei como foi que eu o fiz daquela vez... Mas sinto que...

    Sim. Ele agora se lembrava da guerra que custou a morte de seu pai, e também de todo o seu povo. Lembrou-se do que foi capaz de fazer por vingança. Mais uma vez sentiu aquela coisa estranha. Aquele sentimento. Uma atmosfera pesada dentro de si mesmo. O medalhão estava pendurado por baixo de sua camisa, mas ele podia ver uma luz escapando, através do tecido. A luz não era vermelha, como ele esperava que fosse. Era azul. Um azul pálido, porém cada vez mais intenso.

    Não era mais como na vez passada, quando sentia um calor quase insuportável percorrer o seu corpo. Dessa vez, sentia frio. Muito frio. Era capaz de sentir seus músculos enrijecendo e se contraindo. Estava difícil respirar. Tremia, além de frio, de ansiedade ao ver os lobos cada vez mais perto. Também suava. O suor saía de seus poros e congelava assim que começava a escorrer por sua pele. Com as lágrimas ocorria o mesmo. Tinha a impressão de que seu sangue havia parado de circular e sentia o corpo congelando por dentro.

    Mas tudo isso, todo esse processo, era necessário. Era apenas a alma de mais uma pedra, aceitando o seu novo dono. Ou, o seu novo escravo...

    Agora, Kay já sabia o que tinha que fazer, embora sentisse que não estava levantando as mãos por vontade própria. Era como se estivesse sendo ajudado por alguém, alguma coisa ou algo assim. Os punhos estavam fechados e seus braços permaneceram levantados acima da cabeça, por um ou dois segundos. E faltando poucos metros para a chegada aterradora dos lobos, Kay bateu as duas mãos, ainda fechadas, no chão.

    Tudo o que ele viu depois disso, foi uma intensa luz azul. E tudo o que ouviu, foram lamentos, gemidos e uivos desesperados. Toda a alcatéia fora congelada.

    Kay não precisou ver o que, e nem como aconteceu. Mas sabia perfeitamente o que acabara de fazer. Seus lábios, quase involuntariamente, formaram um gélido sorriso, antes que caísse inconsciente no chão do deserto, agora coberto por uma camada grossa, embora cristalina de gelo.

    Por fim, passou no teste. Sobreviveu.

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    "My Story" - Capítulo III

    Até que enfim terminei mais um capítulo. Sem mais demoras, está aí:

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    MY STORY - CAPÍTULO III

    Mal havia caído em um sono profundo, quando seus pensamentos se condensaram em estranhas imagens. Era como se estivesse tendo um sonho. Um sonho que não fazia sentido nenhum.

    Como se tivesse sido agarrado e puxado de onde estava, Kay sentiu um aperto no peito e só quando abriu os olhos, percebeu que havia areia por todos os lados, abaixo de seus pés.

    -Ham?... Um deserto?... O que está acontecendo?...

    Para ele, aquilo não era um sonho. Não podia ser. Era muito real para ser um simples sonho. Ele se abaixou e passou a mão na areia. Deixando um punhado dela vazar por entre seus dedos, entrou em pânico. Não entendia o que estava acontecendo. Lembrava-se de que dormiu na casa de um novo amigo, Leyonell, e que este o havia salvado de uma morte certa. Mas não compreendia o motivo de ter acordado ali, bem no meio de um deserto.

    -Kay Drägus, humm?... - disse uma voz, ou melhor, o que parecia ser o eco de uma voz.

    Kay olhou para todos os lados à procura da pessoa que o chamava, mas não viu ninguém.

    -Devo admitir: não é qualquer um que consegue usar a pedra vermelha apenas algumas horas depois de ter o primeiro contato com ela. - continuou aquela voz sinistra - Ainda mais da maneira como a usou.

    Kay continuava sem entender direito a situação e também ainda não sabia de onde vinha a voz.

    -Quantos durogs eram mesmo? Cinqüenta? Cem? Duzentos?... Não... Eram mais, certo Kay?

    -Tudo bem... - disse Kay, já começando a ficar irritado e com medo - Quem é e onde está você? E como sabe meu nome? E o que é essa maldita pedra? E o que é isso, essa situação, é um sonho? Onde estou? E p...

    -Acalme-se, meu jovem. Você faz muitas perguntas, mas vou respondê-las. - Interrompeu a misteriosa voz - Eu não sou ninguém. Sei o seu nome porque eu sei. Quanto às pedras, você descobrirá em breve o que são. E você não está sonhando, se quer mesmo saber.

    Pelo tom daquela voz, parecia que estava apenas brincando com Kay, meio que zombando dele. Kay já começava a ficar com raiva.

    -Droga! Eu estou confuso e você não respondeu as minhas perguntas! Eu ainda não sei quem é você e o que eu estou fazendo aqui, se isso não é mesmo um sonho.

    -Isso não é um sonho. Nem é uma visão ou uma ilusão. Tudo o que está vendo, é real... Eu apenas o trouxe aqui para um teste.

    -Do que você está falando? - perguntou Kay, agora mais confuso do que antes - Que teste? Tudo isso tem alguma coisa à ver com as pedras? Com o medalhão?

    -Digamos que sim. O que eu posso dizer, é que você por algum motivo, ou melhor, pelo seu destino, adquiriu esse objeto que agora está pendurado em seu pescoço, sobre o seu peito. - deu uma pausa, enquanto deixou escapar um uma pequena gargalhada de deboche - O máximo que Hesppar fazia, era acender fogueiras usando a pedra. Tolo!

    -O que sabe sobre meu pai? Não o chame de tolo!

    -Era um tolo sim. Nunca aprendeu a manusear a alma da pedra que ele mesmo encontrou.

    Kay agora estava pensativo. Ele já tinha compreendido o que havia acontecido no último dia da guerra, quando ele mesmo, de alguma maneira, usou o medalhão que recebeu de seu pai e destruiu centenas de inimigos. Também já tinha pensado no porquê de seu pai não ter usado aquele poder antes, embora não tenha encontrado respostas.

    -Meu pai sabia o que a pedra podia fazer? E como ele a encontrou?

    -Hesppar encontrou a pedra vermelha em Magma, a terra dos vulcões, dezenas de horizontes ao Sul de Salugörn. Ele a encontrou porque foi guiado pelo próprio medalhão. Antes disso, já havia uma pedra no medalhão de prata, a azul, ela foi encontrada por Hennan, pai de seu pai. Assim, como você, Hesppar não fazia idéia do que era esse objeto, quando o recebeu de seu pai, também já à beira da morte. E eu conversei com ele várias vezes, assim como estou fazendo com você.

    Antes que Kay pudesse dizer qualquer coisa, a voz continuou:

    -Sim, se é o que você quer saber. O medalhão sempre foi mantido em segredo, e também foi passado de geração em geração, desde muito tempo, quando as primeiras guerras do Leste começaram. E digo mais: dentre todos os homens que já possuíram esse medalhão, você, Kay Drägus, é o que possui mais potencial, se é que eu posso dizer dessa forma.

    -Potencial para que? - perguntou Kay, agora mais interessado do que nunca no tal medalhão.

    -Potencial para cumprir o seu destino.

    -E qual é o meu destino? Eu não sei o que devo fazer!

    Mais uma pequena gargalhada ecoou no deserto, e uma última frase foi dita:

    -Oh, sim!... Havia quase me esquecido: ...Que comece o seu teste!

    A voz desapareceu junto com o vento, que arrastava consigo as claras areias daquele deserto. Kay ainda tinha muitas dúvidas. Não sabia se aquele deserto era mesmo real. E nem como voltaria para casa de Ley.

    -Teste?...

    E também não fazia idéia de qual era o seu destino.

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