segunda-feira, 8 de março de 2010

    "My Story" - Capítulo I (Remake)

    Olá, fãs assíduos de "My Story"! Vou ser breve: mudei de idéia. Não vou reescrever os primeiros capítulos. Afinal, demorei pacas para escrevê-los e acho que prefiro deixá-los como estão. Também, assim é possível notar a diferença entre a narrativa de cada capítulo. A única parte que sofreu algumas modificações (somente na narrativa, o contexto continua o mesmo) foi o Capítulo I. Por isso o estou postando novamente. Boa leitura (ou não).

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    MY STORY - CAPÍTULO I

    Ele estava cansado. Já estava há dias naquela batalha horrível. Havia perdido a conta de quantas pessoas próximas a ele perderam a vida. A única coisa que permanecia inalterada em sua mente eram as últimas palavras de seu pai. Se lembrava claramente das pernas separadas do corpo, ainda se contraindo involuntariamente, enquanto as braços, machucados e cheios de sangue, lhe entregavam aquela coisa... A coisa que custou sua morte. Voltando de seus pensamentos, ele aperta entre os dedos a tal coisa, um medalhão, para que ele não escape de sua mão suja e ferida. Num salto, por puro reflexo, ele desvia da bola de fogo verde que vinha em sua direção, ela passa sobre sua cabeça e abre uma cratera ao colidir com o solo, bem na sua frente.

    Naquele cenário, era impossível raciocinar. Não tinha tempo para pensar no que seu pai havia dito, antes de sua inevitável morte: “Filho... Tome. Isso agora pertence a você... Por favor... Não... Cinco pedras... As sombras de Ornëg... Isso pode...” Isso foi tudo o que o bravo guerreiro conseguiu proferir, mesmo em seu estado. Nada que fizesse muito sentido ao garoto.

    Ele então pára de correr. Olha para trás, por cima do ombro. É possível ver dezenas, ou melhor, centenas de durogs correndo em sua direção, com punhais, espadas, lanças, "cavalgando" em seus lagartos gigantes revestidos de metal, cuspindo para o alto, labaredas de fogo.

    Ele se vira por completo e observa o chão daquele deserto, manchado com o sangue pegajoso e azulado daqueles lagartos imundos. Mas também vê, entre as crateras, corpos, e armas, o sangue vermelho de seu povo. Se lembra daqueles que o acompanhavam. Daqueles que o ajudavam. Daqueles que o amavam.

    Daqueles que ele amava...

    Uma fúria toma conta de si. Ele se sente queimando por dentro. Nunca havia se sentido tão forte e capaz enfrentar sozinho aqueles monstros devoradores de carne humana.

    O lagarto que parecia ser algum tipo de comandante, gritava algumas palavras em sua língua asquerosa, que parecia mais um guinchado, enquanto corria e se aproximava cada vez mais do último sobrevivente humano da guerra.

    O rapaz não sabe exatamente o que ele disse, mas sabia que sua situação não era nada favorável.

    Ele olha para o objeto, que ocupa metade da sua mão. Nota seu formato circular, e sua cor prateada, porém envelhecida pelo tempo. Há um furo no centro, e cinco semi-círculos em baixo-relevo ao redor desse furo, com os formatos parecidos com luas. Porém, dois desses espaços estão preenchidos, com uma pedra em cada. A pedra de cor azul possui uma cor pálida, fria. Mas a vermelha, parece estar viva... Em chamas!

    O medalhão é pendurado em seu pescoço, pela fina corrente, também de prata escurecida.

    O poderoso durog que conduzia seu exército, viu o gesto do rapaz e a nova expressão que surgia em sua face. Desesperado, grunhiu mais algumas coisas, como se fosse uma ordem.

    No mesmo instante, todos os seus subordinados pararam, e como se não possuíssem mais poder algum, deram meia volta. Em pânico, corriam o mais depressa que podiam para tentar escapar de seu infeliz destino...

    O comandante apenas permaneceu imóvel, olhando para o rapaz. Suas pálpebras se fecharam horizontalmente, enquanto ressonava mais alguns sons, inaudíveis. Foi o último lamento do mais forte dos répteis que já habitou o deserto de Salugörn...

    Lágrimas saíam dos olhos do Filho de Hesppar. Eram lágrimas de ódio. De rancor. Porém, de alguma forma, eram também de uma certa alegria, uma excitação. Pois agora, sentia que tudo ia acabar. A coisa pesava em seu pescoço...

    Suas lágrimas secavam no mesmo momento em que escorriam pelo rosto. O calor emanado pela pedra vermelha, era sufocante. Ele sentia seu coração ser tomado por um sentimento que não era seu...

    Ergueu a sua mão. Sentiu o poder da pedra fluir em cada célula do seu corpo.

    Uma intensa luz não o deixava ver mais nada. Apenas ouvia os gritos distantes dos durogs e um som, como quando uma fogueira tem suas chamas espalhadas pelo vento.

    A luz que ele via, aos poucos se apagava e se tornava escura...

    Agora, só escutava um som constante e agudo que parecia atravessar sua cabeça como a lâmina de uma espada.

    O som diminuiu, até sumir no vazio...

    A pedra adormecia novamente...

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