quinta-feira, 13 de outubro de 2011

    "My Story" - Elyn (Parte 2)

    Desde que conheceu Kay, Elyn já havia desejado inúmeras vezes que esse encontro jamais tivesse acontecido. Porém sempre se arrependia quando pensava isso, já que então o garoto estaria morto e ela nunca saberia toda a verdade por trás de seu passado obscuro...

    Até aquele momento, Elyn não sabia o motivo pelo qual possuía aquela habilidade. Por mais de mil anos, nem se quer uma ruga aparecera na pálida e bela face da garota. Ela ainda não sabia se sua imortalidade era dom ou uma maldição.

    Desde o dia em que tocou Kay, ela soube que o mundo já foi diferente, habitado por seres - humanos ou não - muito poderosos. Eles batalhavam incansavelmente entre si, dia e noite, desde a criação do Primeiro Mundo. Foi assim até que um desses seres, um dos imperadores imortais, desrespeitou as leis do Criador e corrompeu a harmonia existente. Ele desejou ter o mundo só pra ele, nem que isso custasse sua imortalidade.

    O Criador então se apresentou fisicamente na Terra, destruindo não apenas o ímpio imperador e seu exército, mas também quase tudo o que existia. Na verdade, nem mesmo o Criador tinha poder para varrer da face da Terra os imperadores imortais e sua elite. O que fez foi aprisionar suas almas em cristais.

    O mundo foi recriado e se desenvolveria perante as leis dos homens, que não possuíam mais o direto à imortalidade. Os cristais foram depositados nos lugares mais inóspitos do planeta, à fim de não serem encontrados.

    O rumo que essa nova história tomaria estava nas mãos de todos, mas a linha do destino ainda pertencia ao Criador, que por algum motivo manteve viva uma das fiéis servas de um dos imperadores, fazendo dela a única pessoa a portar o dom da imortalidade presente no Segundo Mundo. Essa serva era Elyn.

    Tudo isso era repassado na mente da garota, que não parava um segundo sequer para descansar da corrida. Quanto mais perto do coração da montanha, maior era a dificuldade em continuar a caminhada. Mesmo usando uma bandagem de flores com poder de cura, a ferida na perna doía incessantemente. E isso diminuía consideravelmente sua velocidade.

    Além disso, quanto mais entrava no coração da montanha, menor era a quantidade de oxigênio no ar. A atmosfera ficava cada vez mais pesada e hostil. "Se Kay não fosse tão impulsivo, nada disso estaria acontecendo", pensava Elyn. "Ainda estaríamos em Therion, relembrando o dia em que nos encontramos pela primeira vez, doze anos atrás".

    Os túneis arenosos começaram a dar lugar a uma terra úmida. Já deveria estar bem fundo agora. A garota correu por mais alguns minutos e o túnel apertado deu lugar a uma enorme cavidade no subsolo, como um salão arredondado, mas com paredes de rocha. No teto do hall haviam incontáveis estalactites, enquanto o chão era estranhamente plano e bem sólido. Elyn só conseguia enxergar tudo isso graças a estranhos cogumelos fluorescentes que infestavam o lugar, dando um tom azulado e monocromático à caverna.

    Ela nunca havia contemplado um cenário como aquele. Desde que havia saído em perseguição pelo Deserto de Salugörn, este foi o único momento em que se sentiu relaxada. O silêncio foi quebrado por um ecoante grito de dor, vindo do outro lado do hall. Elyn despertou de seu transe de tranquilidade e, se deslocando mais a frente, pôde ver que havia uma outra passagem na parede, do lado oposto pelo qual havia entrado.

    Se apressou por entre o túnel, enquanto ouvia gritos mais baixos e tilintar de metal, vindo de algum lugar próximo. Podia ver à frente mais uma abertura com luz azulada, dando para o que parecia ser outro salão, aberto nas entranhas da terra. O ecoar, do que parecia ser uma ferrenha luta de espadas, ficava mais alto à medida em que seguia o som, passando por mais túneis e mais salões.

    O coração de Elyn batia cada vez mais rápido, até que chegou ao fim de mais uma passagem e pôde ver o golpe final da batalha, que acontecia em um hall diferente dos outros. Nas paredes haviam sulcos e marcas negras de fogo e o chão estava repleto de pedras, que pareciam ter caído do teto durante a luta. Kay estava de joelhos encima de um grande bloco de pedra, com a própria espada atravessada no peito. Ainda estava vivo, embora seus olhos já não demonstrassem mais isso.

    Há alguns metros dele estava o inimigo, de pé, com um meio sorriso no rosto e um olhar indescritível. Ele se aproximou e empurrou o ombro de Kay com o pé, fazendo o garoto tombar para a direita. Elyn vira aquilo com um aperto muito grande no peito. Não podia acreditar no que estava acontecendo.

    O homem, ainda voltado para Kay, notou a presença da garota e a fitou pelo canto do olho, sem demonstrar sentimento algum.

    Agradecimentos especiais a Vindemiatrix, que me apoia e me inspira!

    7 Comentários:

    Eduardo Rolim disse...

    Muito bom! Completou o que vc começou no post passado! Adorei a história!

    Miss Murder disse...

    Eu estou a gostar muito, gosto de coisas com aventura e suspense que ficamos para ver o que vai acontecer a seguir.

    E não estás a incomodar nada, eu estou a gostar muito de ler honestamente.

    jonatasbermudes disse...

    Hehe, Vinde. Jah agradeci no próprio post. ;)

    Que bom, Miss Murder! Fico feliz em ver que consegui chamar a sua atenção. Logo você, que eh tão criteriosa, hehehe... Obrigado.

    Gessy disse...

    \O/
    Espero que ainda nos presenteie com muitos contos! Estão de tirar o folêgo (literalmente!). *-*

    Ah, fiquei muito curiosa sobre o "My Story" e pela tag percebi que há muita coisa para eu ler... E, aos poucos, farei isso! \O/

    Cíntia disse...

    Não! Kay! Não! Como assim ele está ferido quase morto? #quermematartbm?
    Sua historia é muito bom John, vc escreve muito bem e tem uma ótima imaginação para cenas. Gostei mesmo!
    Bom Domingo!
    Beijos!

    P.S: Da próxima vez que vc disser que eu posso até apagar um comentario seu lá no Blog, eu vou aí só para te dar um tapa! u.u
    XD

    jonatasbermudes disse...

    Hehe. Obrigado, Gessy! E boa leitura... Pode apostar que vai ter ainda mais pra ler, em pouco tempo.

    Huahuahuahua, Cízz! Dizem que imaginação é normal em piscianos. ^^

    Wanderley Elian Lima disse...

    Oi menino
    Sua capacidade de criação e de narrar é incrível. Estou adorando e seguindo atento.
    Bjux