segunda-feira, 26 de março de 2012

    Estranho é pouco...

    Histórias relacionadas anteriores aqui e aqui... :)

    Praticamente dois anos se passaram desde os acontecimentos estranhos que me tiraram o sono por várias noites: primeiro os bugs no meu próprio reflexo, depois o sonho bizarro que tive. Nesse meio tempo, concluí o Ensino Médio (com uma das melhores notas da minha classe), consegui emprego em um jornal regional, namorei, casei e entrei na faculdade, vivendo minha vida no maior padrão de normalidade possível.

    São 23h20 agora, horário exato em que chego em casa, depois de estudar. Salto da van, e caminho por alguns minutos até chegar em casa. Entro e vejo que minha esposa já está dormindo, então tomo banho e frito um ovo pra comer com pão. Logo após vou dormir também, tendo em mente que irei repetir a rotina de sempre.

    Pela manhã (ou pelo menos no horário que acredito ser manhã), acordo atordoado e com uma dor de cabeça intensa. Alguns segundos se passam e minha visão adquire foco. Quer merda é essa? Aonde estou? Não é a minha casa. Sento e percebo que estou em uma espécie de maca feita de metal, trajando uma roupa parecida com a de um surfista ou mergulhador, feita de material elástico. Meus pés estão amarrados à maca por fitas fluorescentes e alguns cabos e eletrodos estão conectados no meu peito e braços.

    Concluo apenas que essa é uma situação absurda. Será outro sonho? Meu grau de consciência está muito alto. Não pode ser um sonho. Não importa; eu tenho é que sair daqui. Retiro os fios e tento libertar minhas pernas. Mas me surpreendo com um belo choque elétrico quando encosto na fita. Nesse momento levo o maior susto da minha vida, quando um homem com jaleco branco aparece do nada.

    - Ei! Você não pode fazer isso! Quer se matar?

    - De onde você veio? - pergunto assustado.

    - Da minha sala, onde acabo de tomar uma bela xícara de café artificial. É uma droga. Mas já que o planeta Terra não existe mais, fazer o que?...

    - O que?... Ah... - não consigo pensar em mais nada - Quem é você? Onde eu estou? O que eu...

    O homem, que aparenta ser um cientista, executa alguns comandos em sua prancheta/tablet enquanto interrompe o meu interrogatório:

    - Alpha 1. Implantar memórias agora.

    Numa fração de segundo, flashes começam a aparecer na minha cabeça, acompanhados de uma dor aguda. E agora tomo ciência de tudo o que está acontecendo. Estamos no ano de 2.450, na estação espacial "Pearl Harbor 3", num setor da galáxia que até pouco tempo era desconhecido. Meu nome é John Cooper e sou capitão do esquadrão de reconhecimento.

    - Malditos drones! Por quanto tempo me pegaram? - pergunto, então.

    - Três semanas, capitão. Bem vindo de volta. Sua última missão de exploração foi bem sucedida, mas atacaram sua equipe de surpresa. Três naves foram abatidas e a sua simplesmente desapareceu. Fizemos buscas desde então, mas, por algum motivo, só agora conseguimos encontrá-lo, através do seu chip cervical. Era como se você tivesse sido desligado.

    - Eu sei. Não vai acreditar, mas vivi uma vida inteira durante essas duas semanas. Aquelas coisas conseguem mesmo induzir humanos a sonharem de forma tão intensa a ponto de acreditarem ser uma realidade. Eu acreditei. E continuava acreditando até você restaurar as minhas memórias. Prefiro não saber o que fizeram comigo enquanto estava hibernando.

    - Aparentemente nada. E se fizeram, não alteraram sequer uma célula do seu corpo.

    Nesse momento a porta desliza para o lado e um soldado entra ofegante no quarto.

    - Capitão, precisamos de você. Os drones descobriram nossa posição e enviaram várias naves. Em 15 minutos nossa estação se resumirá a pedaços de sucata espacial.

    O cientista desliza o dedo em sua prancheta e as fitas que seguraram meus pés se desfazem.

    - Acione todas as unidades. Quero minha nave pronta em 2 minutos!

    O soldado então sai da sala e eu me sento na maca. Quando tento me levantar, meus pés atravessam o piso do quarto e começo a cair numa espécie de vácuo. É como se eu tivesse saído da estação e estivesse caindo no espaço. Mas consigo respirar. Então bato com força em algo sólido.

    É aí que acordo com um pulo na minha cama. A mesma cama em que dormi no ano de 2012, no que acreditei ser um sonho induzido por aliens robôs... Espera! Isso aqui é outro sonho? Ou a minha vida como capitão era falsa? Eu sei o que aconteceu em cada um desses universos!

    E agora já não sei mais o que é sonho ou que é real. Ótimo! Onde eu estou, afinal?

    5 Comentários:

    Eduardo Rolim disse...

    Gente, o que é isso! Ficou perfeita essa história!

    Eu até fiquei me indagando durante todo o texto se não seria realidade ou sonho, pq sei como são confusos sonhos extremamente reais.

    Mas, eu deixo uma pergunta: Até que ponto alguma coisa é real só porque nos lembramos dela?

    dfgh disse...

    adoooorei, meu eu meio que viajei junto, mentalizando tudo na minha cabeça, foi incrivel hehehe

    beijokas Lorrane

    Carol disse...

    Nossa, John, você mandou muitíssimo bem nesta história, parabéns. Bjs
    http://emproldabeleza.blogspot.com

    Anônimo disse...

    Johnn...seu texto ficou perfeito. Senti ate saudades do meu blog...que nao foi pra frente pq eu nao soube mantê-lo.
    enfim...muito ótimo.
    Sam.....

    Wanderley Elian Lima disse...

    Até parece que você tomou Daime. Doido demais.
    Bjux